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Entrevista por Patrícia Domingues
Fotografia por Frederico Martins
Styling Larissa Marinho
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Escolheu ser ator antes de tudo o resto, ou foi a Arte que o viu primeiro, nunca ficaremos a saber. Pouco interessa: não se imagina a fazer outra coisa, embora faça teatro e cinema e séries e de Aladino no Gelo espremendo o máximo das 24 horas do dia, incluindo planos futuros de realização. Diz-se pessimista, mas André Leitão é só sorrisos, fala-nos de sonhos e do que lhe tira o sono com uma escolha de palavras tão acertadas quanto apressadas que se multiplicam em horas. Como o cigarro que lhe quebrou a tensão a meio do shooting da SOLO, também ele nos vai envolvendo a todos numa neblina terrena que só nos faz querer mais e mais dele.
SOLO: Queria começar por perguntar-te como foi a experiência do shooting da SOLO?
ANDRÉ LEITÃO: Foi super fixe. Já queria trabalhar com o Frederico [Martins] e fazer uma produção para a SOLO há bastante tempo. Gosto muito deste tipo de trabalho e quando surgiu esta oportunidade fiquei muito feliz. O dia em si correu muito bem, ainda não tinha conhecido pessoalmente o Frederico e foi incrível, ele é super tranquilo. Toda a equipa, na verdade, fiquei mesmo muito confortável. Desde o styling que adorei, ao moodboard, foram muito permissivos a propostas feitas por mim também. Foi um dia porreiro. Tive só uma quebra de tensão a meio do dia [risos]
S: Da emoção?
A: Acordei muito cedo e tomei o pequeno almoço muito cedo. E de repente há uma altura em estou a fotografar perto de um carro. E eu lembro-me de sugerir, ‘isto era fixe era aqui um cigarro’. E comecei a fumar para a fotografia, que é diferente de fumar normalmente, a querer fazer uma estética.... Ao fim do terceiro Camel já estava a ficar mal [risos].
S: É uma coisa que te costuma acontecer? Não me refiro a ficares zonzo por causa do tabaco, mas deixares-te levar pelo o que estás a fazer e entrares ali num túnel teu?
A: Acontece muito. Eu até defendo isso. Ou seja, embora eu considere que o trabalho do ator ou do artista deva ser um ato sempre essencialmente consciente, acho que é importante e que o interesse do trabalho também está nesse lugar de nos deixarmos levar pelo que estamos a fazer para que possam surgir coisas novas. E eu estava absolutamente debruçado sobre a pequena personagem que estava ali a viver naquele decor. E rodeado de pessoas que me inspiravam também. E quanto mais eu esquecesse do André e mergulhasse na questão artística melhor poderia ser o resultado. Pelo menos, acredito nisso. E, portanto, isso acontece muitas vezes.
S: Em que outras situações te lembras de ter acontecido? Como é que geres esse equilíbrio entre o consciente e entre manter o André e a personagem?
A: É interessante porque isso vai variando consoante aquilo que nós estamos a fazer. Ou seja, eu sinto que em cinema, uma vez que existe uma ação, um corte, vamos fazer outra vez, vamos experimentar outro plano... Às vezes existe um espaço da tentativa e erro. No teatro não funciona assim. Ou pelo menos funciona do ponto de vista do processo de criação, dos ensaios, mas depois... Há muita coisa também que se descobre já na fase dos espetáculos. É uma questão muito interessante quando nós estamos em espetáculo e estamos a cumprir uma matriz, um espetáculo que está estabelecido e balizado, mas às vezes surgem coisas novas porque nós, naquele dia, estamos ainda mais mergulhados na imersividade do que estamos a fazer e saem coisas diferentes. E é muito interessante quando o colega mergulha contigo nesse descobrimento e juntos descobrimos coisas diferentes. E muitas vezes melhores até do que estávamos a fazer. Aconteceu várias vezes em teatro. Às vezes no meio da imersividade do espetáculo, às vezes no meio do cansaço, do desgaste físico e emocional também, porque o espetáculo tem um momento emocional forte, às vezes levava-nos a descobrir coisas diferentes, a descobrir coisas novas. E esse é um bocadinho o lugar do ator e do artista, que é não andar só nas linhas retas. É mergulhar um bocadinho nas curvas e nas texturas e nas possibilidades que existem em que a nossa volta.
S: Mais recentemente, onde é que tens sentido isso?
A: É inevitável falar do último projeto que fiz, Rabo de Peixe. Porque tive ensaios muito bons. Especialmente na primeira temporada. No fundo para descobrir que personagens eram estas também. Sair dali já com uma consciência de como é que é o andar desta personagem, como é que a personagem pensa, qual é a velocidade de raciocínio dela, como é que ela aborda vários temas, o amor, a beleza, as árvores, como é que é o ambiente familiar. Este processo de ensaios era muito interessante nesse sentido, em que íamos para lá e muitas vezes começávamos quase com um exercício quase de hipnose. A ideia era termos ali um pequeno treinamento de exercício quase de 20 minutos, meia hora, em que nós nos libertamos, neste caso eu liberto-me do André, das minhas tensões, das minhas preocupações, das minhas dores, do que sou eu enquanto ser humano. E apropriar-me física e emocionalmente de um novo ser humano, diferente de mim. Portanto, quanto menos consciente for esta procura melhor. O trabalho concretizado do ator deve ser consciente, mas aqui, no espaço da criação e no espaço da exploração, devemos sempre deixar-nos ir o máximo que sempre conseguimos.
S: Há coisas que tens que deixar ficar para trás, mas há outras que se calhar convém ficarem porque dão-te jeito, digamos assim, para aquela personagem. Neste caso, já que falaste de Rabo de Peixe, o que é que sentes que levaste teu e como é que foi esse exercício em relação a essa personagem?
A: Eu sinto que nós enquanto seres humanos inevitavelmente olhamos sempre para o mundo, as pessoas, as situações, com base nas nossas experiências naturais. E, portanto, como tu dizes, era inevitável olhar para este Carlinhos recorrendo a experiências pessoais. Há muita coisa que me distancia do Carlinhos, nomeadamente esta relação que ele tem com a igreja. Eu não sou particularmente crente - eu acredito no universo, seja lá o que isso for, mas não acredito em Deus, digamos assim. Ainda que respeite muito a religião e a fé. Tive de batalhar um bocadinho esta minha quase rejeição de atos de fé. Tive de ir muito mais vezes a igrejas, de assistir missas, quis perceber de que zona vinha de facto esta crença e porque ela existia e isso também me ajudou obviamente a incorporar tudo aquilo que eu não tinha desse lado do Carlinhos. Depois houve coisas que tentei transportar para o Carlinhos, que não sei se são minhas, mas pelo menos são da minha experiência. Esta relação profunda da amizade e esta intimidade que o Carlinhos, o Eduardo, a Sílvia e o Rafael têm entre eles, que é uma característica muito forte destas pessoas de Rabo de Peixe. São miúdos que ao contrário do que nós vemos hoje em dia aqui, mais por Lisboa, ainda se tocam muito, não há qualquer tipo de pudor em estar a assistir a um jogo de um futebol, dois amigos um deitado no colo do outro... Essa familiaridade é algo que eu já tenho um bocadinho em mim, com os meus amigos, com a minha família, e repesquei um bocadinho isso também, esse carinho, esse tato.
Depois o Carlinhos acabou por ser também falado como uma personagem super sorridente, super carismática, no sentido em que abordava sempre as situações com sorriso, com atitude positiva. E eu sou um bocadinho assim. E também sinto que sou um bocadinho assim por ser naturalmente às vezes um bocadinho pessimista, um bocadinho negativo. Tento mascarar-me a mim próprio com uma forma mais positiva, mais alegre, embora às vezes no fundo não seja assim tanto. E então eu senti que isso era uma proximidade grande com esse Carlinhos, que tem muitas mágoas no humor, na família, na condição, mas que encontra também noutros pormenores da vida uma forma de se sustentar e de ver as coisas com outros olhos. Isso é o que eu faço também.
S: É uma decisão se calhar arriscada e corajosa para uma pessoa pessimista ou com pensamentos pessimistas escolher a área da representação - ou não?
A: Tens toda a razão. A minha sorte foi que quando eu decidi foi muito antes da minha consciência do mundo.
S: É que eu vi que tomaste esta decisão cedo e agora estava a pensar, ‘se calhar foi porque foi numa altura em que ele ainda não tinha toda a consciência’.
A: Isto é um bocadinho cliché, mas é verdade - mais do que sentir que escolhi ser ator, sinto que foi a vida que escolheu a minha profissão porque eu não me lembro do dia em que disse ‘eu quero ser ator’. Aconteceu com naturalidade. Cresci sempre a interpretar pequenas personagens, já na escola adorava, fascinava-me muito esta questão de crescer outra pele, de perceber outra lógica, de andar na pele de outra pessoa. Quando houve aquela decisão de ‘André, vais para a línguas e humanidades, vais para ciência?’ a minha mãe disse ‘mas olha, sabes que há escolas de teatro?’ Eu achava que isso ia ficar sempre em segundo plano, que tinha que ter outro. Então inscrevi-me e a partir daí a vida tomou o seu próprio rumo. De repente já me sentia um criador, já me sentia um performer um artista, já me sentia uma pessoa a começar a mergulhar nesta área e nunca me fez sentido até hoje sair dela. Mesmo que tenha pensado muitas vezes em desistir, por uma questão de falta de oportunidades, uma questão quase de sobrevivência, de precisar de trabalhar, de pagar contas. Mas tirando isso, do ponto de vista do que vem de cá dentro, nunca, acho que nunca pertenci a outro lugar.
S: O que é que é isso aí de dentro? O que sentes em relação a isto que fazes e que de certa forma acaba por se calhar ser parte de quem tu és? Porque é que continuas?
A: Completamente. Há sempre duas formas de olhar para a profissão e eu tento encontrar um equilíbrio. Nunca me posso esquecer que sou um ser humano a viver no planeta e que preciso pagar contas.
S: Num sistema capitalista particularmente (risos)
A: Não necessariamente muito equilibrado, não muito justo, não muito.... Enfim, e nesse sentido eu não posso esquecer que vivo num planeta com essas circunstâncias, numa sociedade com essas com essas características, e de que seria muito mais perigoso para mim não pertencer de uma forma visada à sociedade. Preciso pagar as coisas que preciso, portanto, naturalmente tenho de o fazer. Mas ao mesmo tempo eu adoro quando me esqueço deste lado mais racional da profissão e gosto muito mais da profissão quando olho de um lado genuíno, como um ato de generosidade, como um ato de coragem, como um ato também de resiliência, como um ato também de sobrevivência.
S: Um ato político.
A: É impossível não associar a arte à política. Na verdade, eu até costumo dizer que se puder fazer de tudo aquilo que me rodeia um caminho de procura, de criação artística, farei. Seja observar tudo à minha volta, seja no plateau, seja a ver os meus colegas a trabalhar, desde o técnico que está a trocar as pilhas dos microfones ao ator José Raposo que nos está a dar uma lição de experiência.... Como se diz o ator é o maior ladrão de todos, portanto é um bocado por aí. Naturalmente que questões depois na execução do meu trabalho, que estão inerentemente ligadas à política, à religião, no fundo a construção do que é o ser humano e do que é a sociedade, o mundo, do que somos nós e é por isso que é tão fascinante trabalhar nesta área. Temos a oportunidade de vestir de outras peles, educações, culturas, genes, experiências.
S: Ou seja, sentes que te torna também - não quero dizer melhor pessoa, mas uma pessoa mais curiosa, mais atenta, mais empática?
A: Sim, tenho sentido muito presente essa transformação, porque é importante também perceber que cresci com a profissão. Eu tinha ideias pré-concebidas, como todas as pessoas que nos rodeiam, desde a confusão que vejo ali em baixo de pessoas à pancada, situações que acontecem nos países vizinhos. Tenho muito orgulho na pessoa que me tenho tornado e na forma como em tão pouco tempo consegui mudar a minha perspetiva sobre uma série de coisas, porque realmente percebi que vinha de um sítio muito diferente do sítio onde o mundo está agora. Foi importante para mim ter as pessoas certas à minha volta, ter os atores, os encenadores, ter os professores, os amigos, colegas e também família.
S: Ou seja, se alguma vez te fizeram aquela pergunta típica do ‘que papéis é que gostavas de fazer ou não’, se calhar para ti não existem essas balizas porque sentes que quanto mais disperso for o teu campo de atuação maior vai ser também o teu crescimento?
A: Acredito muito nisso mesmo, mesmo. Quando fazem este tipo de pergunta normalmente parece quase a típica resposta politicamente correta, mas no fundo eu sou um ser aberto a qualquer tipo de experiência e criação - naturalmente que há umas que me interessam mais e outras que me podem interessar um bocadinho menos - mas também já fui surpreendido pela positiva nas experiências que eu achava que me interessavam um bocadinho menos, e experiências que eu achava que me iam preencher não me entusiasmaram assim tanto. Não gosto nada de limitar o meu trabalho artístico e acho que a quanto mais lugares eu puder chegar melhor me torno enquanto pessoa e naturalmente me torno melhor ator. A vida tem provado isso: os melhores atores são sempre pessoas extraordinárias, seres humanos muito complexos, despidos de preconceitos e sobretudo sem balizas.
S: Na tua parte profissional e artística não tens balizas, mas na tua parte pessoal, e enquanto uma figura pública que te acabaste por tornar, quais são as tuas balizas? A nível de mensagens que defendes, coisas que te preocupam, assuntos que gostavas de pôr sobre a mesa.
A: Antes de responder diretamente à tua pergunta vou fazer aqui um bocadinho na introdução: quando eu quero falar sobre algo eu gostava que esse diálogo fosse da forma mais natural, mais calma e compreensiva possível. Não sei se acredito no diálogo à força, ou seja, não sei se acredito em esparramar temas ou informações ou opiniões de uma forma bruta, agressiva e sobretudo insistente. Eu acho que se realmente queremos falar sobre alguma coisa o mais importante é conseguir que nos ouçam - e parece que estou a falar com uma criança, mas nós adultos esquecemo-nos disso. Para nos ouvirem eu preciso que a pessoa tenha empatia por aquilo que eu estou a dizer, preciso tentar que a pessoa se coloque nesse lugar.
Uma das coisas que muitas vezes me dá vontade de falar é a insensibilidade e sobretudo a agressividade. Nestes anos que estamos a viver agora as pessoas não dialogam, as pessoas atacam-se ou defendem-se. E isto é algo que me preocupa enquanto sociedade porque acho que isto depois se transporta para todas as decisões, transporta-se obviamente para as decisões do governo relativamente à cultura, transporta-se para as decisões internacionais relativamente ao que se passa na Palestina, relativamente ao que se passa na Ucrânia... E acho que se calhar o grande ponto de partida e aquilo que mais me apetece ou mais me vibra atualmente é isso, é tentar que as pessoas se lembrem de que tudo parte através de um diálogo, de um posicionamento, de tentar colocar-nos na pele do outro, de partilha de experiências
S: Quando te sentas à mesa com os teus amigos o que é que vocês falam?
A: Falamos um bocadinho disso, de política, porque à medida que vamos crescendo vamos sentindo o peso do nosso voto e das nossas escolhas enquanto cidadãos. Falamos um bocadinho naturalmente dos direitos de todo o ser humano, seja por parte da comunidade LGBT, seja por uma questão de etnia, seja por uma questão racial, seja por uma questão religiosa. Tenho a sorte de ter amigos de várias áreas e podemos falar de tudo um pouco.
S: O que é que te traz alegria? O que é para ti um dia bom?
A: Tudo aquilo onde vejo esperança eu fico feliz. Seja eu estar a passear, estar a fazer uma caminhada, porque vou trabalhar ou vou fazer qualquer coisa e vejo um casal de idosos a dançar no meio dos jardins, seja estar a ver um filme com uma amiga minha, e aquilo mudar a nossa forma e a nossa perspetiva e eu sentir que a sala à minha volta também chegou à mensagem ou à ideia que era suposto chegar. Dá-me o amor, dá-me a família, dá-me os amigos. Porque é também onde eu vejo esperança, não é? Os amigos que são uma extensão também de mim próprio. Obviamente, a minha profissão, a esperança que há na arte, e é por isso que continuo a fazê-lo, claro.
S: Pareces-nos que és uma pessoa atenta também à moda, que gosta de vestir a roupa com um propósito, como uma extensão de ti, não é? A moda tem esse poder, a nossa primeira impressão é o nosso cartão de visita para o mundo. Sempre tiveste este interesse, ou também foi uma coisa que foi crescendo contigo?
A: Foi crescendo. Há uma estética na moda, seja qual for, que me interessa. Antes não entendia, até que eu percebi que moda, para mim, não é nada mais, nada menos do que uma extensão daquilo que eu sou. Ou daquilo que eu quero passar de mim. E acho que, naturalmente, a moda, tal como todos os outros estilos de expressão, a arte plástica, a representação, cinema, a moda tem também essa verbalização oculta. Porque fala, não é? E transporta-nos também para lugares, transporta-nos para momentos e transporta-nos para lutas também.
Quando comecei a trabalhar em moda, quando comecei a interessar-me por alguns designers ou a desfilar mesmo na ModaLisboa, comecei a perceber que é isso mesmo, que há toda uma dramaturgia oculta que, na verdade, para mim está bem presente, que grita muito mais, às vezes, do que até algumas palavras. E como eu me visto, parte muito daí. Eu gosto muito de brincar com a imagem, porque também gosto, também tento não levar a vida assim tão a sério, não é? Tento aparecer das formas mais diferentes que eu sinta que me pertençam.
S: Li que fizeste vários tipos de desporto ao longo da tua vida. Ou seja, a tua relação com o teu corpo, pegando aqui no tema moda e corpo, este autoconhecimento do nosso corpo, é também uma ferramenta de poder, não é?
A: Sim. É muito engraçado porque nós, enquanto jovens, somos incutidos a fazer desportos. Há sempre o rapaz que anda no futsal, aquele que anda no hóquei, aquele que anda na natação. De facto, dá-nos aqui um trabalho mais do que tonificado. Dá-nos aqui um trabalho também de autoconhecimento e de alguma preparação física, porque a vida é exigente e precisa que nós sejamos preparados emocional, psicológica e fisicamente. À medida que fui crescendo fui-me apercebendo que o meu trabalho era também a partir e sobretudo com o meu corpo. O meu corpo é o meu grande instrumento de trabalho. O corpo e a minha voz. A partir daí comecei a trabalhá-lo ainda mais, não só de uma perspetiva desportiva, mas de movimento. De onde é que me leva. Às vezes também de coreografia, do ponto de vista também da composição, de que figura que o meu corpo pode apresentar em diferentes tipos de trabalho. Como é que eu posso trabalhá-lo para diferentes personagens. A partir daí, lá está todo o interesse que eu tenho naturalmente com o meu corpo, aquilo com o qual eu cubro, as figuras que eu crio, tudo isto é um trabalho artístico. Tudo o que tiver à minha volta, tudo o que um puder fazer daquilo, uma criação, ou poder fazer com que aquilo pertença ao mundo artístico, e me possa enriquecer enquanto artista, eu vou fazê-lo.
S: Eu estava a ler várias coisas sobre ti, e a pensar como tudo se encaixa tão organicamente. E já fizeste coisas tão diferentes. Já fizeste revista, já fizeste uma série da Netflix, já fizeste filmes. O que é que estás a fazer agora e o que é que queres fazer agora?
A: Então, eu ganhei uma grande paixão enquanto filmava Rabo de Peixe. Eu tive uma aproximação do cinema, do audiovisual, como lhe queiram chamar, muito mais profunda, porque eu nunca tinha feito um trabalho tão profundo em audiovisual. De repente comecei a aprender sobre fotografia, comecei a aprender com toda a gente à minha volta, com a realização, com as luzes. Comecei a aprender sobre operar uma câmara, sobre diferentes formas de poder realizar e de repente comecei a pensar, ‘uau, eu acho que estou a despertar aqui um interesse em realizar’. Atenção, nunca desprendendo do meu lugar de ator. Mais um complemento... Eu gostava de também ter o desafio de me ser entregue uma história e de tentar elevar ainda mais a história, porque eu defendo que todos os objetos artísticos, naturalmente que têm um texto - têm que ter um bom texto! - têm que ter um bom argumento para serem boas. E acho que depois podes elevar ainda mais com a fotografia, com a forma como realizas, com a forma como os atores lhe dão vida.
Então, Rabo de Peixe trouxe-me aqui esta luzinha de ‘uau’, de repente estou fascinado com a realização e com as inúmeras possibilidades que nós podemos ter para contar uma história.
Vou fazer teatro agora, teatro musical, no fim deste ano. Vou fazer um espetáculo que já tinha feito no Porto, o Aladino no gelo, que tem patinagem no gelo. E vamos reproduzir esse espetáculo agora em Lisboa, foi uma experiência incrível. É teatro musical aliado a esta componente artística que me fascina também. Aliás, eu lembro-me de ver os Jogos Olímpicos quando era criança, no mês em que ia de férias com o meu pai para o Algarve e naquelas três horas em que ficava a fazer a digestão via os Jogos Olímpicos e a patinagem artística. Lembro-me de ficar ali comprometido a ver aquilo, porque de facto achava belo, achava muito bonito. Claro que eu não patino com essa agilidade mas tive facilidade em aprender.
Estou também, obviamente, muito entusiasmado para que saia a segunda temporada de Rabo de Peixe, que eu acredito que saia para o ano. E também para o ano continuar a fazer cinema e alguns projetos de audiovisual. Gostava muito de continuar a fazer cinema que é realmente aquilo que, no momento, me traz também uma perspetiva sobre o trabalho que quero continuar a explorar. E teatro. Tenho muitas saudades de fazer teatro. Sem ser no gelo. Que adoro, que adoro, que adoro. E que vou adorar fazer outra vez agora. Mas tenho saudades de voltar a pisar as tábuas com um texto e poder ter ali um processo de criação de dois meses e tal com um grupo de pessoas e apresentar esse trabalho ao público, fazer eventualmente uma digressão. Portanto, gosto de ir sempre revezando. Nas 24 horas que o dia me permite gosto de fazer um bocadinho de tudo.
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IT’S A TOUS WORLD
E nós, felizmente, fazemos parte dele.
Numa sociedade cada vez mais obstinada em criar o seu estilo próprio, as tendências são ditadas a título pessoal. Com uma nova geração preocupada em perceber o backstage das marcas que ocupam o seu guarda-roupa, e um consumidor de moda consciente de que o que coloca sobre a pele tem um papel social ativo, as marcas que melhor auscultam o comportamento humano traduzem-se nas verdadeiras trendsetters.
A TOUS é um exemplo palpável de renovação e obstinação: com um ADN vincado desde o início, a marca tem-se moldado às evoluções do estilo, sem nunca perder a espinha dorsal. Com uma linguagem cada vez mais próxima, opções que colocam os utilizadores no comando e uma abertura para criarmos a nossa tela em branco ou a cores, a marca espanhola construiu um universo tão singular quanto universal, com o qual todos nos relacionamos.
SAY MY NAME, SAY MY NAME
1950 & Alphabet é o nome da coleção que nos coloca no papel principal. As suas origens remontam a uma carta de garantia da TOUS correspondente à venda de um relógio na Calle Borne nº 14, em Manresa, a 27 de outubro de 1950. Mais de 70 anos depois, a primeira tipografia que a TOUS utilizou inspira uma coleção de pendentes que apresentam o alfabeto – e mais uma vez, a marca diz-nos que quem dá as cartas somos nós. Até os seus ícones emblemáticos - o urso, o coração e a flor – nos passam a palavra, visando celebrar um pormenor da personalidade e da história de cada indivíduo.
A coleção inclui joias em prata e ouro de 18 quilates sobre prata, bem como joias que combinam ambos os metais, criando desenhos de dois tons que dão um toque moderno e contemporâneo. Por fim, a coleção inclui ainda uma seleção exclusiva de joias em ouro de 18kt, complementada com pedras preciosas como o ónix, o lápis-lazúli e o olho de tigre.
PESSOAL E TRANSMISSÍVEL
Uma marca do futuro tem de incluir a palavra que faz brilhar os olhos de qualquer consumidor do século XXI: personalização. É por isso que TOUS Hold volta a trazer a criatividade e expressão pessoal para as mãos meticulosas dos artesãos da marca. Distinguida pelo seu sistema de personalização, através de anéis entrelaçados que, ao serem unidos, criam peças memoráveis e cheias de personalidade. Correntes, anéis e pingentes de diferentes designs dão aso a uma seleção altamente versátil, possibilitando a criação de looks ilimitados e verdadeiramente refletores da personalidade de cada um.
A coleção apresenta diferentes anéis, em inúmeras versões em metais preciosos, desde prata esterlina a ouro de 18kt, e uma variedade de gargantilhas, ideais para criar looks versáteis. E quando dizemos versáteis não é metafórico: como por magia, um colar pode transformar-se em duas pulseiras, duas pulseiras em brincos compridos e estes num outro pormenor mais discreto para usar no dia a dia.
Team
Grooming Ricardo Pedro
Assistente de fotografia Pedro Sá
Assistente de Styling Maria Sampaio
Retouching Tânia Castro @ Lalaland Studios
Produção Diogo Oliveira @ Lalaland Studios
Video Raul Sousa
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