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Entrevista por Justin, India, Mia, Bruno, Bruna e Gonçalo
Fotografia Frederico Martins
Styling por Francisco Reis
É um espelho deste agora - transformativo, incomodativo, reacionário. Em 2021, a série idealizada por Justin Amorim estrelou no ecrã a realidade pública de uma geração mais jovem e com ela arrastou todas as outras questões que não se prende com a idade, mas com cada um de nós.
Índia Branquinho para Justin Amorim
IB - Sentes que cada personagem da série tem um pouco de ti? Ou seja, são todos “heterónimos” teus? Se não, em que é que baseaste as 5 estrelas?
JA - Sim, sem dúvida. Acho que todas as personagens que escrevo têm sempre qualquer coisa de mim. Não sei se são “heterónimos” meus, mas definitivamente que me revejo neles. O Diego tem a minha indecisão, a Maria tem o meu sentido de humor, a Vera tem a minha ambição, a Penélope o meu empreendedorismo e o Rodrigo a minha apatia. Acho que muitas vezes também lhes dou qualidades que não tenho mas que gostava de ter, pessoas que gostava de ser um dia.
IB - Qual foi a crítica ou elogio mais marcante da tua carreira?
JA - Esta é difícil, já ouvi muitas críticas sobre o meu trabalho… mas estou a tentar uma coisa nova onde foco-me mais nos elogios do que nas críticas. Um elogio de que me lembro bem foi quando o Nick Knight me enviou um email a dizer o quanto tinha gostado do meu primeiro filme “Millennia” em 2015… Foi muito importante naquele momento da minha vida com 21 anos, ele é uma pessoa cujo trabalho respeito muito e os elogios dele fizeram-me acreditar que estava a seguir o caminho certo.
Justin Amorim para Mia Fernandes
JA - Na série 5Starz, a tua personagem Vera trabalha como estafeta ao mesmo tempo que vai atrás do seu sonho de ser cantora. Uma coisa engraçada que nos fomos apercebendo ao longo da série é o quão próximas a Vera e a Mia são, até diria que é um bocado “meta”… O quão próximo te sentes da Vera?
MF - Uma das razões pela qual me apaixonei imediatamente pela Vera foi mesmo por esta realidade díspar e ao mesmo tempo convergente que partilhamos. Ambas estamos a lutar pelo “spotlight”, e desde muito nova sinto aquilo que sei que a Vera também sente. Enquanto a Vera quer conquistar o mundo da música, eu quero o da representação. O nosso caminho é mais parecido do que gostaria de admitir, desde as nossas ambições à forma como estamos a lutar para as alcançar, identifico-me com a batalha da Vera (e de todos os artistas que estão à procura do seu lugar no mundo) e claro, com os seus desgostos amorosos também.
JA - Sendo que foste a primeira protagonista transgénero de uma série portuguesa, sentes que há limites para os teus sonhos e ambições dentro de uma indústria que historicamente é tendencialmente extremamente normativa?
MF - Fiquei super entusiasmada quando recebi a proposta de dar vida à Vera e foi uma honra incrível ter conseguido ser a primeira atriz transgénero em Portugal a representar uma personagem que também o é. Sinto que apesar de ser uma indústria extremamente normativa, especialmente em Portugal, temos evoluído muito em termos de diversidade, graças a pessoas como tu, e outros, que têm sido incríveis no que toca a inclusividade no mundo do cinema e audiovisual. Mas, mesmo assim, continuamos a precisar de mais diversidade, não só à frente do ecrã como em todo o lado. Só assim podemos fazer com que esta indústria deixe de ser tão “exclusiva” e comece a ser o oposto, que consigamos representar todas as minorias, para que tanto as novas gerações como as mais antigas possam aprender, compreender e identificar-se com uma Vera, uma Maria, uma Penélope, um Diego, ou um Rodrigo.
Bruna Magalhães para Gonçalo Cabral
BM - Na vida real, qual personagem seria a tua melhor amiga?
GC - Estou indeciso entre o Rodrigo e a Penélope. O Rodrigo porque é a personagem mais tranquila e pode ser um bom ombro amigo e aquela pessoa que nos ouve quando mais ninguém nos quer ouvir. A Penélope porque se eu precisasse de alguma coisa da ‘candonga’ ela iria orientar (risos).
BM - O que consideras para ti sucesso/realização pessoal?
GC - Sucesso é trabalharmos no que gostamos ou sentirmos que estamos na área que mais paixão nos traz e mais espaço e liberdade nos dá para crescer. Enveredar por um cargo mais elaborado ou de chefia é algo que considero sucesso - costumo trabalhar como bailarino, mais como interprete, e gostava de estar no lugar de coreógrafo ou encenador. Realização pessoal podem ser várias coisas – há pessoas que é ter aquele hobby e não falharem uma única vez, há quem goste de viajar... Para mim é sentir-me feliz, dormir de consciência tranquila e é estar rodeado dos que me amam, a minha mãe, irmão, a minha mulher e o meu bebé que vem a caminho.
Bruno "Nurb" Leça para Bruna Magalhães
BL - Se conseguisses fazer com que o Mundo inteiro partilhasse da tua opinião/visão sobre UM ÚNICO assunto, qual seria?
BM – Existem tantos que gostava, desde o veganismo, mas aquele que escolheria – que não é um assunto ou opinião - é o feminismo. A igualdade de género. Para mim nem é uma questão, mas para tanta gente ainda é, por isso se pudesse fazer o mundo todo feminista faria.
BL - Se pudesses dar um conselho à Maria que conselho darias?
BM - Eu revejo-me nela, mais nova, na procura de validação muitas vezes nos sítios e pessoas erradas. O conselho que lhe daria – e não querendo ser mal interpretada porque respeito e apoio todos os tipos de trabalho – é que ‘dinheiro fácil vai fácil’, isto é, fazer qualquer tipo de trabalho em troca de dinheiro não é algo que a longo prazo te vá fazer feliz. Esse não deve ser o único motivo para te dedicares a algo e o mais importante é sentirmo-nos bem connosco mesmas sarando as nossas feridas.
Mia Fernandes para Bruno “Nurb” Leça
MF - Qual foi o melhor momento de bastidores no 5starz?
BL - O momento que mais gostei foi o final, a última cena, a equipa estava contente por ir acabar e o Justin deu-me um ramo de flores. Mas o melhor, no geral, foi conhecer todos os atores e aequipa da Promenade.
MF - Se tivesses de passar uma “quarentena” com uma personagem fictícia, qual seria e porquê?
BL - Phineas e Ferb iam tornar a minha quarentena muito divertida. Eles durante as férias todos os dias fazem uma coisa incrível, tipo uma montanha russa, por isso imagino que durante a quarentena seria igual. Não consigo escolher apenas um, têm de ser os dois, e eu só ia lá estar a usar o que quer que eles criassem.
Gonçalo Cabral para India Branquinho
GC - Depois do 5starz ainda sabes andar de patins ou não é como andar de bicicleta?
IB - Eu tive de aprender a andar de patins em menos de um mês. Há pessoas que têm um talento nato, eu infelizmente não sou uma delas (risos). Se agora pegasse nos patins não era como andar de bicicleta, já sei o movimento, mas para voltar ao nível em que estava durante a série tinha de praticar todos os dias. Foi muito giro aprender porque foi mais um desafio e tive algum medo mas passou rápido. Aprender a cair foi muito importante.
GC - Imaginas-te num futuro próximo como artista de ASMR?
IB - Adorei que a minha personagem tivesse essa vertente porque por coincidência eu fiquei viciada em vídeos de ASMR. Há 2 anos via todas as noites para adormecer, passei uma fase chata que não conseguia dormir e ASMR ajudou-me muito. Gosto dos de massagens na cara e cabeça, fingir que a outra pessoa me está a por make up, umas meditações, movimentos com as mãos... É uma espécie de reiki mas só visual. E as pessoas que sentem ASMR é algo que acho que não aprendes, é uma sensação que parece um formigueiro e que tens essa sensibilidade ou não. Ser uma artista de ASMR não sei, é um full time job – quando fiz para a Penélope vi alguns artistas que já seguia para tirar referências. A self tape para a série inclua um vídeo meu a fazer ASMR para a câmara. Comi ananás, comi umas tortitas que fazem aquele crunch, bebi água com gás... Se isto de atriz correr mal sei que tenho algum jeito (risos)
Moda
José Manuel Alves fala à SOLO sobre a coleção que deu lugar à ‘farda’ dos 5Starz. Porque a melhor parte de se fazer diferente é fazer melhor. A segunda melhor parte é podermos fazer parte dela.
As vossas peças parecem trazer sempre alguma resposta ‘não óbvia’ alinhada com o presente/futuro. Quais foram as perguntas que deram o ponto de partida para a coleção FW22/23? E que pontos de interrogação quiseram deixar no ar?
Julgo que a visão de um designer (de qualquer área) tem de ser o futuro, ou pelo menos levando-o em linha de conta. Sentir a sociedade, perceber as suas necessidades, que caminhos as pessoas desejam seguir etc.
Quando falo em sociedade pode não ser num sentido geral podemos dividir a nossa atenção para nichos ou bolhas sociais muito específicas. Inconscientemente podemos de alguma maneira reflectir o caos social característico da época por que passamos, mas não foi esse o ponto de partida.
Proteção, desconstrução de ideias pré-concebidas, técnicas de construção artesanais, verniz preto a dar brilho a peças, por aí fora de métodos/visões/resultados à partida contrastantes mas que encontraram um só caminho na vossa passerelle. É de um certo ‘caos organizado’ e busca pelo invulgar que fala esta coleção? E mais?
Gostamos de usar e testar as matérias primas como forma de que daí surja algo de novo (diferente). Matérias essas que se tornam constantes no nosso trabalho. O caos é imaginário, nunca uma situação definitiva e usada na própria construção de algumas peças.
“Se nós não estivermos em sintonia com o tempo que estamos a viver e não o surpreendermos, então não vale a pena existirmos enquanto designers”, disse Manuel Alves em entrevista. De que nos fala o agora e o futuro para o mundo / a Alves Gonçalves?
Pretendemos sobretudo perceber pessoas, valores, o bonito, o feio, contradizer opiniões. Apresentar de maneira diferenciada faz parecer que existem diferentes maneiras de fazer as coisas; perder o medo do novo, do diferente criando novos confortos. Sempre tendo em conta a moda tanto no nosso exercício mental como técnico."
Lugar
Voltamos sempre aos sítios que nos fazem felizes, é um facto. Esta é uma casa que nos é próxima, palco de luzes de vários talentos, centro de acolhimento para a criatividade. Definem-se como uma empresa de entretenimento, onde as gargalhadas fazem parte do barulho de fundo, e foram nossa tela em branco para o editorial de 5Starz.
Equipa
Cabelos Cláudio Pacheco with L’Oréal professional products
Maquilhagem Sara Fonseca
Assistente de fotografia Pedro Sá
Assistente de styling Margarida Martins
Retouching José Paulo Reis @ Lalaland Studios
Assistente de Maquilhagem Ana Neves
Artwork Ricardo Dias
Video Raul Sousa
Produção Larissa Marinho @Laland Studios
Lugar Big Little Family
Texto Patrícia Domingues
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