Fernando Cabral

Fernando Cabral

Entrevista por Armando Cabral
Fotografia Frederico Martins
Styling Nelly Gonçalves

São irmãos, mas veem-se como pai e filho. Armando é a inspiração derradeira, o maior conselheiro, o melhor amigo, aquele a quem Fernando segue todas as pisadas. O mais novo é o seu maior orgulho, o mais trabalhador, generoso, amigo do seu amigo. “Tudo o quero para mim quero para ele.”

AC – Fernando, gostava de começar por te dar a conhecer. Para uma pessoa que não te conhece, como é que tu te identificas? Quem é o Fernando Cabral?

FC – O Fernando é um miúdo luso guineense, nasceu na Guiné Bissau, cresceu em Portugal e desde muito cedo gostou da bola, do futebol, sonhava em ser jogador de futebol. A Moda trocou-me as voltas e acabei por passar para este lado, mas diria que sou um miúdo que teve uma infância muito feliz, lembro-me sobretudo na Amadora, o ponto de partida de tudo, de brincar, escola, amigos, futebol. 

AC – Algumas pessoas não devem saber que tens uma paixão por futebol e é verdade que tentaste entrar no mundo do futebol. Isso aconteceu quando eu já tinha ido embora para Inglaterra.


FC – Sempre gostei da bola e tentei jogar profissionalmente. Tinha e tenho um amigo meu da escola com quem andava muito e ele estava na mesma situação, estávamos sempre juntos, até que ele conseguiu ingressar numa equipa que era nas Laranjeiras.


AC – Lembro-me perfeitamente.

FC – Ele conseguiu entrar e disse-me para tentar. Não fiquei em termos contratuais, mas ia muito lá com ele, ia sempre aos treinos, estive lá muito tempo. Também estava a estudar e os nossos pais davam mais foco aos estudos, mas gostava de escapar um bocadinho para a bola, jogar, ir ao estádio. Lembro-me de ter ido com esse mesmo amigo para o Belenenses fazer captações, onde nenhum de nós ficou. Ainda fomos ao Benfica mas também não aconteceu.  

AC – Lembro-me de ter ido contigo para Benfica. Lembras-te quando Ednilson jogava lá? Fomos ao treino. 


FC – A bola foi sempre a minha paixão. Continuei os estudos e depois apareceu a Moda


AC – Depois de ter ido para Inglaterra não tinha a mínima noção que tinhas interesse no mundo da Moda. Lembro-me de até ter falado contigo e ter dito que não era algo ideal para ti, pelo facto de ter passado no início as dificuldades que passei e não queria que passasses pelo mesmo. Na minha altura era diferente: houve uma altura que eu era o único modelo negro nos desfiles de Paris, Milão eramos poucos, e era muito trabalho, muito esforço. Podia ser frustrante e não queria que passasses pela mesma coisa. Graças a deus viemos de uma família na qual para os nossos pais a educação era uma coisa primária e onde sempre nos foi dito ‘podem fazer o que quiserem mas têm de ter um diploma primeiro’. A Moda naquela altura ninguém sonhava que desse os frutos que deu hoje. Mas bom, começaste na ModaLisboa, através de um convite dos nossos amigos.


FC – O desfile aconteceu em março, e finais de junho, inicio de julho a campanha aconteceu

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AC – A campanha da H&M. É engraçado porque o teu grande passo internacional foi com a H&M e ainda hoje estou a falar contigo e estás em Estocolmo a fotografar para a H&M. Como é que foi essa primeira experiência? O Daniel Jackson, grande amigo meu, fotógrafo, ligou-me a perguntar se eu tinha um irmão, e se era parecido comigo.  Como é que te sentiste nessa altura? De sair de um desfile em Portugal para Nova Iorque para a H&M


FC – Foi engraçado porque depois do desfile continuei a minha vida normal e de repente ligas-me a dizer que ias fazer uma campanha para a H&M e que estavam interessados em mim. Eu lembro-me de ter ficado muto feliz, não pela campanha, mas por ir a Nova Iorque, que só conhecida da televisão. Lembro-me de teres dito que isto ia ser muito bom para mim, que o casting era todo de super modelos mas eu não tinha noção de nada. (risos) Voltei para Portugal, a campanha saiu e ai é que foi o boom. Quem não sabia que tinhas um irmão passou a saber. Pouco tempo depois ligaste-me a dizer que tinha de procurar agência porque já não conseguias atender tantos telefonemas. Acabei por ficar com a Karacter, depois de ter participado num concurso de Moda para descobrir novos talentos. Acho que fiquei em segundo ou terceiro lugar.


AC – E eu desconhecia, não sei porque razão não me disseste nada. O nosso amigo Amado ligou-me e disse ‘o teu irmão devia ter ganho’, e eu disse ‘ter ganho o quê?’ (risos) E eu lembro-me de te ter dito, ‘se queres levar isto a sério fala comigo que eu ajudo-te’. Foi uma história engraçada. Passando para frente, chegas a Nova Iorque, fazes a campanha para a H&M que estava no mundo inteiro com um dos mais conceituados fotógrafos e a partir dai, pouco tempo depois, ficaste com o casting para o desfile da Louis Vuitton em Paris, certo? Eu estava muito preocupado contigo sendo a tua primeira oportunidade de desfilar em Paris. Fui ter contigo ao backstage, para saber se estavas nervoso e disseste que estavas bem. Para mim pessoalmente foi o momento que fiquei mais orgulhoso, estiveste muito bem.


FC – Nunca pensei que fosse acontecer. Estava muito muito nervoso, aliás sempre que ia a um casting ou depois de um trabalho não sabia o que fazer. No início não me sentia nada confortável. No show da Vuitton deste-me muita força, encorajaste-me, mas eu estava muito muito muito nervoso.


AC – Não reparei nisso! O mais bonito foi que - pronto eu tenho esta coisa de querer ser sempre perfecionista e estava sempre muito preocupado contigo. Eu estava do outro lado da passerelle e à minha frente estava o David Beckham, o Alessandro [Sartori]m diretor criativo da Zegna, o Kanye West...

FC – Eu tirei uma foto com ele!

AC – Quando tu saíste eu não consegui conter e gritei pelo teu nickname ‘jamesss’. Toda a gente olhou para mim no meio do desfile e o Alessandro disse ‘é o teu irmão?´ e eu gritei ‘yes!’, estava a gritar de alegria. Fiquei muito feliz de estares em boas mãos, de perceber que estavas pronto. 


FC – Depois desses desfiles passou a ser uma coisa regular para mim até aos dias de hoje. 


AC – Agora és um toop model reconhecido a nível mundial, capas de revistas, campanhas, o que sentes que ainda te falta fazer no mundo da Moda?

FC – Há sempre alguma outra coisa que queres fazer, mas eu estou bastante satisfeito com tudo o que tenho feito, muito orgulhoso mesmo. Agradeço a toda a gente, inclusive a ti, se não fosse por ti não estaria aqui. Espero que venham mais coisas – mesmo que não saiba o quê.

AC – E a nível pessoal? Foi há um ano e meio atras que passaste para uma fase empresarial.


FC – Depois de tanto tempo na moda, fui ganhando este gosto, mais uma vez seguindo os teus passos, inspirando-me nas tuas ideias, pelo lado empresarial e levou-me a abrir um restaurante na Guiné Bissau, com a minha mulher. Um espaço onde tanto podes encontrar gastronomia europeia, comidas típicas da guiné, no fundo é uma cozinha internacional onde se pode comer de tudo. Está a ser fantástico, acho.

AC – Está a ser um sucesso! Podes dizer isso! Eu tinha muito medo pelo facto de nunca teres vivido na Guiné, mas está a correr lindamente e vais abrir mais um outro restaurante.


FC – Uma pastelaria. Que esperemos que corra bem. Há mais projetos, mas ainda não posso por em cima da mesa, mas o caminho é este, de crescimento para além da Moda. Quis abrir na Guiné, em Bissau, por ser a minha terra natal e também porque o país esta a desenvolver e há ainda muito espaço para crescimento a nível da restauração. Fizemos um projeto, arriscamos e está a ser uma coisa muito boa. Estou feliz.

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Moda

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O apelo do VINTAGE

Com peças fluidas e looks não tão estruturados, Nelly Gonçalves foi buscar o reconforto a um passado não tão distante, aproximando o presente dos valores seguros que conhecemos, como a autenticidade. O allure do vintage não vem ao acaso: nesta conversa a stylist explica à SOLO as vantagens de ir remexer nos baús.

As tendências também afetam o universo vintage – que tendência do passado tentaste resgatar para este shooting?

Não é tanto uma tendência, mas um mood, um feeling. Para esse editorial procuramos recriar um ambiente cinematográfico, com a estrutura, luz e cenas do dia-a-dia. Por isso tornou-se importante escolher os looks mais direcionados como se se tratasse de um guarda-roupa. As peças são mais fluídas, os looks não tão estruturados adaptam-se a uma vivência quotidiana. Tive em atenção materiais como as lãs, ganga larga e renda, e uma paleta de cores e padrões como o xadrez que se adaptam ao ambiente que se pretendia.


Porque estamos todos com tanta vontade de olhar (e vestir) o passado? Achas que o clima de inconsistência trazido pela pandemia tem sido visível também na moda?


Porque talvez inconscientemente pensamos ‘antes era melhor’.E porque depois dessa fase mais fechada surgiu uma vontade de liberdade. As tendências dos anos 90 e 00 voltaram mais fortes depois da pandemia. Talvez uma forma nostálgica de mergulhar num passado que é, sem dúvida, mais reconfortante e que nos lembra a nossa juventude, o tempo da inocência sem preocupações.

Essas tendências também são reinterpretadas pelos mais jovens, que procuram valores seguros e autenticidade, trazendo o vintage de volta ao centro das atenções a cada ano que passa.


Encontrar peças únicas, poupar algum dinheiro e não contribuir para o carater destrutivo do aceleramento da moda – estas são algumas das vantagens do vintage. A nível de styling, o que consideras a parte mais interessante de trabalhar com peças antigas?


Trabalhar com peças antigas é uma fonte de inspiração de histórias que podemos contar. Podemos dar uma nova interpretação a uma peça de roupa, acessórios ou tendência misturando com peças de designer mais atual. Acontece muito nos editoriais ou agora nas red carpets.

Lugar

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Casa das Marinhas

Uma homenagem a uma das figuras mais importantes da arquitetura portuguesa, a Casa das Marinhas é o que Viana de Lima designou como ‘o solar dos tempos modernos’. Construída em 1954, expressa o equilíbrio, sempre presente nas criações do arquiteto, que a construiu para ser a sua própria residência. Entre o conceito de modernidade e o carater tradicionalista, este lugar acolhe o editorial da SOLO espelhando a iconicidade do talento português, da arquitetura à moda.

No primeiro piso o espaço é fluido. Há uma clara preocupação em fundir os diversos espaços que, subdivididos pela presença de elementos móveis, vão diferenciar os respetivos usos, em cozinha, estar e jantar. A zona de estar, de pé-direito duplo com amplo envidraçado voltado ao mar, liga-se francamente ao piso superior. Este efeito é traduzido, no exterior, pela continuação da laje da cobertura e da parede norte, em granito, que funciona, também, como proteção dos ventos. No lado oposto, prolongando esse mesmo paramento para nascente, cria-se uma zona exterior. Nesta parede se inscreve um vão que reforça a presença de uma mesa nela adoçada. O espaço, recanto abrigado mais diretamente ligado a natureza e contrastando com a exposição a poente, funciona como local privilegiado para estadias e refeições ao ar livre. Um corpo cilíndrico, elemento dinâmico resultante da reconversão da ruína de um antigo moinho, funciona como entrada e acesso ao piso superior. Ao nível do segundo piso os espaços, exíguos, albergam os quartos e uma zona de trabalho que se estende por uma varanda. O patamar de chegada da escada serve, para nele se instalar uma cama. O quarto de casal usufrui de um vão que lhe permite a ligação com o espaço de pé-direito-duplo. A abertura dos vãos faz-se em clara relação entre os usos da habitação, as suas ligações com exterior e os pontos cardeais. A norte praticamente não existem aberturas. A nascente as suas dimensões são controladas conforme as funções a desempenhar pela zona de refeições, a poente o vão, maior, é protegido pela continuação da cobertura. 

O jardim da Casa Viana de Lima, em Marinhas, Esposende, reflete de modo explícito o programa modernista emanado pela casa e toda uma espacialidade que puxa a sua perceção e vivência para a ligação do corpo ao exterior, a paisagem e a fruição do ar livre. Discreto no risco (mesmo algo indefinido), usa afirmativamente a vista que passa por cima dos muros, propositadamente baixos, e se alonga para poente, através dos campos, guiando o olhar até aos pinhais, a praia e ao mar. Para nascente, por cima de muros de pedra mais altos, veem-se os montes que sobressaem escuros no céu. É o velho programa da casa no jardim que parece paisagem, repetidamente interpretado desde o paisagismo setecentista inglês, agora democratizado no mais contido espaço moderno português.

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O lote pequeno, provavelmente destacado do topo poente de um campo retangular, estende-se como um retângulo ao baixo, ao longo da estrada nacional. A casa posiciona-se num subtil pequeno alto, seguindo a posição do moinho depurado; o conjunto edificado abre-se para a paisagem que entra no jardim e faz desta sua possível continuação. O espaço próximo é pontuado por afloramentos rochosos que lideram o caráter naturalista do exterior moderno. Do lado norte, um portão abre um percurso numa calçada de seixo e pequenas lajes (com um toque nipónico) que se desenvolve em curva larga adoçada ao suave relevo até a entrada principal. Uma peça de pedra para recolher as águas pluviais, por detrás do moinho, a nascente, consuma a intenção de projeto de um pequeno elemento de água, algo ameboide, muito ao gosto desse tempo. Da casa, pelas amplas portas envidraçadas que deslizam, junta-se concordantemente o interior e o exterior, cumprindo o ideário modernista; a nascente, fazem-se refeições cá fora num local protegido do Norte por uma parede pontualmente por um vão livre; para um lado e para outro, o olhar e o corpo passam com facilidade, se calhar descalços, de dentro para fora, da sala para o prado, para o sol, para o ar livre, para a paisagem.

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Equipa

Grooming Ana Raquel Ribeiro

Assistentes de fotografia Pedro Sá, Filipe Teixeira @ Lalaland Studios

Assistente de styling Maria Sampaio

Retouching José Paulo Reis @ Lalaland Studios

Video Raul Sousa

Produção Diogo Oliveira @ Lalaland Studios

Lugar Casa Museu Viana de Lima - Casa das Marinhas

Texto Patrícia Domingues

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